domingo, 22 de fevereiro de 2009

Beija-Flor 2009 - Samba-Enredo

“No Chuveiro da Alegria, quem banha
o corpo lava a alma na folia!"

Águas do tempo
Fonte da vida purificação
No azul da fantasia mergulhei
Nas ondas da emoção
Lá no Egito começou o hábito de se banhar
Um ritual de prazer que conquistou a realeza
No Oriente imperou e os males da mente expulsou
Nas ervas o aroma renovou, nas termas a luxúria e o vapor
Chega a Idade das Trevas, o corpo se fecha, o sonho acabou
E o que dava prazer, virou pecado, o banho foi excomungado

As águas rolaram
As mentes lavaram, clareou!
O índio ensinou, o banho voltou
E o mundo se purificou

Renasce a esperança, toda corte é perfumada
A sujeira é disfarçada até que um francês descobriu
Corpo limpo, corpo são, o banho evoluiu
Banho de chuva, banho de cheiro oi...
Banho de felicidade, banho de gato amor
Relaxa e dá calor de verdade, banho de lua ou de sol
Na cachoeira ou no mar, Odoyá, Yemanjá
Oxum! A deusa do encanto, estende o seu manto
Aos orixás a nossa fé, quem banha o corpo, lava a alma
E toma um banho de axé!

No chuveiro da alegria
Salve! As águas de Oxalá, embala eu babá
Feito um rio de magia que deságua luxo e cor
Banhando o povo vem a Beija-Flor



ENREDO

Introdução

Nossa relação com a água remete a nossa própria existência, partindo do princípio que nos desenvolvemos em uma bolsa de água durante nove meses e a partir daí esta relação coexiste em nossas vidas: água para beber, para lavar, curar e purificar.

A cada época e lugar sentimos essa incontrolável necessidade de se relacionar com esse elemento da natureza. Nosso enredo é uma viagem pela relação entre a humanidade e a água. Mais do que um hábito de higiene, o banho reflete a história e o desenvolvimento cultural de um povo e suas crenças, a história do banho traça a trajetória da civilização.
Partimos de 3 mil anos atrás até a atualidade. Trazemos à tona esse longo banho, misturando as suas gotas, significados, símbolos e desejos, personagens anônimos e lendários que, através dos tempos, testemunharam as transformações ocorridas com esta prática e os rituais relativos à ela, bem como alguns aspectos imutáveis ao longo do tempo, que fazem do banho uma necessidade inquestionável e eterna.

É com a limpidez de espírito e com orgulho que a Beija-Flor de Nilópolis conta este enredo, lavada e perfumada, em seu momento de estrela, e vem banhar-se de alegria e beleza, agitando as águas da história e envolvendo a todos com uma suave espuma de prazer e felicidade.

Sinopse


Hoje o samba vem mergulhar de corpo e alma no azul cristalino das águas do tempo, abrindo as comportas da história, num rio mágico de fantasia que jorra em cores nesta folia, lavando as manchas do passado, passando a limpo a humanidade, dando um banho de alegria nesta maravilhosa cidade.

É o Beija-Flor que navega nas espumas flutuantes, atravessando eras, remando em asas, nas águas claras e fascinantes, da sua fértil imaginação. E inventa assim um céu para seu vôo encantado, no espelho mágico que reflete líquido, o néctar doce e puro de sua fonte de inspiração.

No borbulhar da história, faz emergir o limiar de um hábito, um milenar costume que o Egito nos ensinou, um misto de mito, rito e de prazer. Uma dádiva do Nilo, que ao banhar esse povo moreno, nos legou esse saber.
Saber quão salutar é esta prática, uma receita de bem viver, um instrumento de beleza. Segredo de uma mulher que se fez símbolo maior de realeza, a rainha do deserto, deusa a se banhar de leite e perfume de flor, com tempero de sedução, que balançou impérios e conquistou corações.

Vai atravessando a cortina de fumaça que transpõe o tempo e chega ao Oriente, de onde exala o aroma das ervas que inebria a alma de água e calor, desvenda essa nuvem que limpa o corpo e a mente, que transpira os males, que renova o vigor. Bruma de saúde a se espalhar em vapor, como sopro divino, vindo do Olímpio de Zeus, como presente de Grego que o Império Romano recebeu e que a ele deu ares de festa, erguendo palácios de luxúria e lazer.

Vai viajar no espaço dos séculos, de um povo a desfrutar desta alegria limpa e líquida, descobrindo as delícias da água e do prazer de ser banhar. Segue a vastidão de um Império, se expandindo e fluindo até chegar o momento do ocaso desse reinado, como um rio que seca, o fim de um sonho dourado de ter o mundo conquistado.
Por ordem da cruz, em nome de Deus, o hábito é condenado. E o que outrora dava prazer, ora se torna pecado, e o suor é o que lava o “corpo fechado” da humanidade, que adentra na imunda “idade das trevas”, onde o banho é excomungado.

Na escuridão da noite eterna, vai enxugando a intolerância de um tempo que cobriu a sujeira em vestes brancas, na busca de um corpo puro, casto e imune, e vai testemunhar que da mesma cruz e espada que reprime, se ascende o lume de uma nova era a se despertar. É o tempo de se lançar às águas em grandes aventuras, rumo ao descobrimento, tempo de lavar a mente e iluminar a razão, de procurar um novo mundo e nele encontrar a pureza. E nos corpos nus, reaprender a lição; se despir dos valores e mergulhar sem medo no lago natural do conhecimento, num banho de civilização.

Faz transpirar no velho mundo, esta limpa liberdade nativa, como a força e a luz do Renascimento, já que a suja Europa busca na ciência a alternativa misturando óleos e essências, lançando perfume no ar, num banho de cheiro a disfarçar o asseio de uma imunda nobreza que, de cara branca, perucas, jóias e rendas, veste a hipocrisia em fantasia de limpeza.

Vem mostrar ao povo mal acostumado que os “humores do corpo” decorrem do hábito abandonado, que assim disse um cientista que o micróbio mora ao lado daquilo que não é lavado, pois o que os olhos não enxergam, um bom banho tira o “mau olhado”.

Traz à tona um novo tempo, tempos modernos de saúde e bem viver, onde o banho vira moda e a humanidade assim limpa e prosa, reinventa esse prazer. Quando o sabão se torna sabonete, perfume a alcance do povo, este povo que ao tempo que passa inventa mais um banho novo e segue cantando no chuveiro, dançando na chuva, dourando ao sol ou na fria luz da lua, de luxo sob as espumas, de lama e de loja, pura beleza, se amando de fato num banho de gato na mais louca safadeza.

E assim, entre pingos e gotas, jorros e ondas, seguimos na correnteza deste banho de alegria, que nos traz a certeza de quem banha o corpo, hoje também lava a alma nesta folia. O samba, que traz no seu batuque a Africana magia, depois de dar um banho de história e cultura, vem se banhar em sua fé, e a Beija-Flor vem lavar a passarela nas cores de uma aquarela, saudando seus orixás e purificando toda cidade ao se banhar de axé.

SEGMENTAÇÃO DO ENREDO

Egito – Origem do Banho

Os primeiros registros do ato de se banhar individualmente ocorreram por volta de 3.000 a.C., e pertencem ao antigo Egito. Os egípcios realizavam rituais sagrados na água e banhavam-se diariamente, dedicando os banhos a divindades como Thot e Bes.

Thot era o Deus do conhecimento, da sabedoria, da escrita e da medicina, considerado a melhor divindade para cuidar das pessoas que se banhavam. Depois dele, vinha Bes, o Deus da fertilidade e do casamento, que cuidava do parto e do banho das crianças e mulheres.

Mais do que limpar o corpo, os egípcios presumiam que a água purificava a alma, e esta crença era válida tanto para a realeza - cortejada com óleos aromáticos e massagens aplicadas pelos escravos, quanto para as populações mais pobres, que recorriam inclusive a profissionais de rua quando não conseguiam tratar da própria beleza. Os egípcios foram os inventores dos primeiros cosméticos.

2- Termas – Luxúria Líquida


Babilônia, Turcos, Gregos, Romanos

A Grécia foi um dos locais em que o banho prosperou, sendo possível encontrar bem preservados palácios de 1700 a.C. a 1200 a.C. que, mesmo nos dias atuais, surpreendem devido a avançadas técnicas de distribuição da água. Afirma-se que naquela época, os banquetes precisavam ser luxuosos e incluíam uma sessão de banho para os convidados.

Na Grécia, o banho também era uma extensão necessária da prática de ginástica, e comumente os gregos antigos invocavam a proteção de Hera, a mulher de Zeus (também conhecida como Deusa Juno), durante o banho.

Os gregos tomavam banhos por prazer e para ter uma vida saudável, motivados pela higiene, espiritualidade e práticas desportivas, sendo que os médicos louvavam as virtudes ocasionadas em função dos diferentes tipos de banho, aconselhando o uso de óleos na água para untar o corpo antes de as pessoas se secarem.

Embora os gregos tenham iniciado a prática dos banhos públicos no Ocidente, os pioneiros nos balneários coletivos foram os babilônios.

Materiais saponificantes anteriores a 2.800 a.C. foram encontrados em cilindros escavados nas ruínas da antiga Babilônia. As inscrições indicam que aquele material era utilizado para a limpeza dos cabelos e para auxiliar na confecção de penteados.

Por volta de 650 a.C a cidade da Babilônia, na Mesopotâmia, tornou-se o centro comercial de especiarias e perfumes da época.

Já no século II a.C., os romanos construíram enormes complexos de banho para homens, sendo que os romanos foram o povo da Antiguidade que mais se importaram em transformar o banho num evento, construindo suntuosas termas públicas onde qualquer cidadão pudesse desfrutar dos prazeres proporcionados pelo banho. O banho referia-se à idéia de repouso e de convívio, pois era uma prática social e um ritual simbólico.

Os romanos herdaram muito da cultura grega, incluindo a adoração pelo banho. Porém, entre eles, esse hábito adquiriu proporções inéditas. As visitas diárias às termas tinham fundo religioso, visto que o banho público era um ato de adoração à deusa Minerva.

Os romanos consideravam Minerva, a deusa do comércio, da educação e do vigor, especialmente bem dotada para cuidar do banho. Fortuna, a deusa do destino, também era representada nas casas de banho, para proteger as pessoas quando estavam mais vulneráveis. Além disso, havia incontáveis ninfas e espíritos associados a fontes e poços locais, venerados como guardiões do banho.

E o costume não era restrito somente às classes mais abastadas: boêmios, prostitutas, imperadores, filósofos, políticos, velhos e crianças, todos se banhavam no mesmo espaço, sem constrangimento.

Os gregos e os romanos mantiveram o hábito de reunir-se em "banhos públicos", que se tornaram em verdadeiros locais de discussões e decisões políticas e sociais. As termas eram um ponto de encontro e de troca de informações, que se tornaram símbolos de luxo e, muitas vezes, das decadências dos costumes.

Os romanos e os gregos - precursores de sistemas hidráulicos que canalizavam águas pluviais e fluviais, conduzindo-as para as residências e termas - fizeram do banho um ritual de luxo e influenciaram o mundo com suas criações de óleos, ungüentos e maneiras prazerosas de banhar-se.

Os árabes não só compreendiam e apreciavam os prazeres dos perfumes, mas também possuíam conhecimentos avançados de higiene e medicina. Muito celebrados por suas maravilhosas descobertas, eles ofereceram à humanidade o primeiro alambique, e a partir desta invenção foi possível destilar as matérias-primas e preparar a primeira água de rosas do mundo, isolando o perfume de pétalas em forma de óleo.

Associar os famosos banhos turcos a rituais amorosos é uma das primeiras reações dos ocidentais ao imaginar as sofisticadas casas dos muçulmanos. O hamman, a cerimônia islâmica do banho, estimulava a imaginação dos europeus, ao descrever dezenas de belas mulheres se banhando e se embelezando em um ambiente ricamente ornamentado.

Mas o hamman supera essa carga erótica. É um preceito da fé islâmica lavar e perfumar o corpo para a oração. E os banhos em conjunto, demorados, são a melhor maneira de se purificar para a prece. O hamman serve, então, como meditação entre os pecados do corpo e a limpeza do espírito.

Na Europa, somente no século XVII houve a introdução das casas de saunas e banhos turcos.

Idade Média – Proibição do Banho

Durante a Idade Média, os ocidentais abandonaram os sofisticados rituais de limpeza da Antiguidade e mergulharam numa profunda sujeira. A maneira de ver o banho mudou. As idéias religiosas foram levadas ao exagero e as saunas passaram a ser consideradas locais de pecado, porque as pessoas se viam nuas umas às outras.

Não é exagero afirmar que a Idade Média foi o período em que a cristandade varreu da Europa as termas e demais atividades em que as pessoas se expusessem demais. Com tantos pudores, o prazer de tomar banho de corpo inteiro passou a ser visto como um ato de luxúria. Lavar as mãos e o rosto bastava, às vezes nem isso. Quando muito, era aceitável tomar um só banho por ano.

Os banhos foram totalmente proibidos, aumentando as doenças, em especial a peste. Dizia-se que a água "amolecia" a alma. Dizia-se ainda, que o fato de a água quente dilatar os poros da pele facilitava a entrada de doenças no corpo. Desta forma, nesta época, a higiene basicamente resumia-se em vestir uma roupa limpa e usá-la até ficar suja, pois acreditava-se que a roupa funcionava como uma espécie de “esponja”, absorvendo a sujeira. Sendo que muitas vezes a roupa sequer era lavada, apenas sacudida e carregada de perfume.

Os banhos eram escassos, quase inexistentes. Em famílias pobres, quando eles aconteciam, a água servia para banhar a família inteira em uma tina. Primeiro os homens, depois os filhos e por último as mulheres.

A Idade Média foi muito apropriadamente chamada de Idade das Trevas, protagonizando o total sepultamento dos hábitos de higiene. A Igreja, poder político e cultural absoluto, abominava os banhos, tratando-os como “Orgias Pecaminosas”.

Iniciou-se um período de imundície com conseqüências desastrosas para a Europa. Segundo os sanitaristas, as constantes epidemias que assolaram o Velho Mundo durante a Idade Média foram provenientes da total ausência de higiene por parte da população. As necessidades fisiológicas eram “despejadas” pelas janelas!

Esta falta de asseio pessoal, aliada às condições de vida insalubres, contribuíram sobremaneira para as grandes epidemias da Idade Média e, em especial, para a Peste Negra do século XIV.

Com os grandes surtos epidêmicos instala-se a convicção de que a água, por efeito da pressão e sobretudo do calor, abria os poros e tornava o corpo receptivo à entrada de todos os males.

Desde o século XV, os médicos condenavam a utilização dos balneários públicos e das estufas. Defendiam a teoria que, “depois do banho, a carne e o hábito do corpo amolecem e os poros abrem-se, e assim, o vapor empestado pode entrar prontamente no corpo e provocar a morte súbita”.

A ideologia cristã instaurou preconceitos e impôs uma nova moral e conseqüentes novos costumes. A Igreja temia pela sujidade das almas, pois os hábitos promíscuos eram uma porta aberta para o pecado. Havia assim, que se evitar os banhos públicos, locais “propícios à devassidão e ao amolecimento dos costumes”.

4- Renascimento – Dos Maus Odores ao Banho de Civilização

No século XIII, frades dominicanos iniciaram as atividades farmacêuticas relativas à produção de essências, pomadas, bálsamos e outras preparações medicinais. Muitas dessas fórmulas, produzidas até os dias de hoje, foram estudadas durante a corte de Catarina de Médici, nobre florentina que se mudou para a França em 1533, para se casar com o Rei Henrique II.

Os perfumes de Catarina de Médici eram feitos em Grasse, uma pequena cidade ao sul da França, localizada aos pés dos Alpes mediterrâneos. Grasse era então um centro da indústria de couro e, até aquele momento, não existia nenhum produto para limpar e perfumar o couro, especialmente o das delicadas luvas das senhoras. Desenvolveu-se, então, uma arte refinada, tarefa dos ‘maîtres gantier parfumeurs’- mestres perfumistas de luvas, que prosperaram em torno de Grasse.

Aos poucos, a era das águas perfumadas com flores foi cedendo espaço a composições à base de almíscar. A preocupação com a higiene e os cuidados com o corpo permanecia. Também se considerava importante o cultivo de jardins, capazes de repelir os odores pestilentos comuns na época.

Diz-se que Luis XIV, o “Rei Sol”, era muito sensível a odores, e tinha um perfume para cada dia da semana. Em sua corte, rosas e flores de laranjeira eram usadas para perfumar luvas, e os sabonetes de óleo de oliva faziam parte da higiene diária. As fragrâncias apreciadas por Luís XIV eram produzidas no sul da França.

No Renascimento, a idéia de manter o corpo limpo foi abandonada e os “banhos de água” foram substituídos por “banhos com fortes perfumes e essências”, sendo Catarina de Médici a grande responsável pela difusão do perfume na França.

A fomentação da expansão marítima conduz os europeus ao descobrimento de novas terras, denominadas de ‘Novo Mundo’; e a realidade da Europa (o ‘Velho Mundo’) mostrava-se paradoxal aos costumes demonstrados pelos habitantes dos territórios localizados na atual América do Sul.

A chegada dos brancos impressionou aos índios, devido à aparência suja e grotesca dos europeus, chamados de “mal cheirosos e porcos”.

Observando os hábitos dos indígenas, nativos das terras recém-descobertas, os europeus aprenderam diversos conhecimentos sobre limpeza e higiene, pois era comum e freqüentemente os naturais banharem-se em rios, lagos, lagoas e cachoeiras. De modo que os indígenas em muito contribuíram para o progresso nos costumes dos europeus, promovendo um verdadeiro banho de civilização.

5- Corte de França – Banho de Cheiro Disfarçando a Sujeira

A fundação da primeira boutique de perfumes em Paris impulsionou a produção e a comercialização de produtos aromáticos. A opulência, o esplendor, a extravagância e o refinamento surgiam nas famílias aristocratas e dominavam a corte européia.

A moda dos banhos estimulou a difusão dos perfumes por toda a Europa. A “Corte perfumada”, fiel ao estilo Rococó, bem como toda a nobreza francesa, habitualmente se utilizavam de bálsamos e perfumes - nas roupas, nos corpos e nos cabelos - para disfarçar a sujeira e amenizar o mau cheiro.

6- Pasteur – Corpo Limpo, Corpo São

Louis Pasteur (1822-1895) foi um cientista francês que fez descobertas que tiveram grande importância tanto na área química como na medicina.

O conceito de higiene surge apenas no século XIX, depois das descobertas de Pasteur e dos seus trabalhos sobre a importância da higiene na saúde. Assim, os hospitais e outros locais de contato com doenças passaram a ser limpos regularmente. Cabe frisar que as noções de assepsia por ele implantadas no âmbito da medicina foram fundamentais para que muitas vidas se salvassem.

Constante defensor da adoção de medidas profiláticas para evitar doenças contagiosas causadas por agentes externos, realizou uma obra científica notável, que não só abriu caminhos aos estudos sobre a origem da vida, como contribuiu de forma decisiva para a evolução da indústria. Sua contribuição foi essencial ainda na evolução da medicina preventiva, dos métodos cirúrgicos (com a prevenção das infecções), das técnicas de obstetrícia e dos hábitos de higiene.

Em Paris, criou o primeiro Instituto Pasteur (1888), que se tornou um dos mais importantes centros mundiais de pesquisa científica, com filiais em vários países, inclusive no Brasil (Rio de Janeiro).

7- O Banho Vira Moda: de Sol, de Lua, de Gato, de Loja e de Cheiro. Dançando na Chuva e Cantando no Chuveiro

Ao longo da História, o banho já foi considerado sagrado e profano, artigo de luxo e diversão das massas, receita de saúde e até causador de doenças e mortes. Este ritual, tal como o conhecemos hoje, é resultado de uma mescla dos costumes de diferentes povos ao longo dos tempos.

Atualmente, o banho é associado ao cuidado com a pele e ao bem-estar em todo o mundo. Além de deixar o corpo limpo e cheiroso, as composições dos sabonetes, sais e óleos são enriquecidos com essências que podem transmitir sensações diferentes como relaxamento ou vigor que, associados às diferentes temperaturas da água, têm seu efeito potencializado.

Ou seja: refrescar, seduzir, relaxar e estimular são apenas algumas das variadas finalidades dos mais diferentes tipos de banho, que propiciam vastos benefícios para o corpo e para a mente das pessoas.
Muitas são as delícias que esta experiência é capaz de proporcionar; são efeitos estimulantes, afrodisíacos e relaxantes, dentre outros. Com isso, o banho terminantemente virou moda: no chuveiro, em banheiras, e ofurôs. Banho de cheiro, de sol e de sais, de mar e de piscina; banho de cachoeira e banho de lua, banho de loja e banho de gato; dançando na chuva, cantando no chuveiro!

8- Quem Banha o Corpo, Lava a Alma – Banho dos Orixás

Os rituais de diferentes tipos de banho também são práticas religiosas, uma vez que o ato de banhar-se foi e ainda é visto em muitas religiões como um rito de purificação do corpo e da alma. Tal fato é observável no espiritismo, por exemplo, pois acredita-se que quem banha o corpo, lava a alma, afastando as energias negativas e atraindo a positividade.

Os banhos de cunho litúrgico podem ter finalidades diversas: defesa, sacudimento, defumação, cura, regeneração, elevação espiritual, auxílio no desenvolvimento de novos médiuns.

A benção e a proteção dos orixás abrem os caminhos através de sessões de descarrego, limpeza da aura, energização e purificação; com a utilização, inclusive, de utensílios tais como a pipoca, ervas e sal grosso, dentre outros.

No Brasil, país onde grande parte da população é praticante do sincretismo religioso, tais práticas afro-descendentes são bastante usuais.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Daniela Mercury


Como vai você:


Nobre Vagabundo:


Apresentação histórica de Daniela Mercury no Festival de Verão 2008, comemorando os 15 anos do Canto da Cidade:

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ney Matogrosso

Ney Matogrosso teve o justo privilégio de abrir o primeiro Rock in Rio.

Ney Matogrosso, nome artístico de Ney de Sousa Pereira, (Bela Vista, 1º de agosto de 1941) é um cantor brasileiro, ex-integrante da Secos & Molhados.
O nome Ney Matogrosso foi adotado pelo cantor somente em 1971, ao ir para São Paulo. Desde cedo demonstrou vocação artística: cantava, pintava, interpretava. Teve a infância e a adolescência marcadas pela solidão, até completar dezessete anos, quando deixou a casa da família para entrar na Aeronáutica, Ney ainda não fazia idéia do que faria na vida. Gostava de teatro e cantava esporadicamente, mas acabou indo trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base de Brasília, a convite do primo.
Tempos depois foi convidado para participar de um festival universitário e chegou a formar um quarteto vocal, sob protestos da professora de canto e apesar do regente do coral do qual fazia parte elogiar sua voz especial, depois do festival, fez de tudo um pouco, até atuou em um programa de televisão. Também concentrou suas atenções no teatro, decidido a ser ator. Atrás deste sonho, ele desembarcou no Rio de Janeiro em 1966, onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie.
Neste período, viveu entre o Rio, São Paulo e Brasília, até conhecer João Ricardo; João procurava um cantor de voz aguda para um conjunto musical e convidou Ney para ser o cantor do grupo Secos & Molhados.
Saiu dos Secos & Molhados no ano seguinte, após o grande estrondo que a banda causou no país inteiro. Em 1975 lançou seu primeiro disco solo, chamado "Água do Céu-Pássaro". O disco vinha numa capa de papelão cru, com Ney Matogrosso pintado, vestido com pêlos de macaco, chifres, pulseiras de dentes de boi. Foi considerado extravagante demais e passou despercebido pelo público. Em 1976, veio o reconhecimento com o disco "Bandido". A canção "Bandido Corazón", composta por Rita Lee tornou-se um grande sucesso na voz de Ney. Ainda nessa época, Ney escandalizava o Brasil.
Ney terminou a década de 70 e começou a de 80 totalmente transgressor, sendo ameaçado várias vezes pelo regime militar. Nesse período, Ney lançou alguns de seus maiores sucessos: "Homem com H", "Calúnias", "Bandoleiro", "Espinha de bacalhau" (com Gal Costa), "Retrato Marron", "Seu tipo", "Por debaixo dos panos", entre outros.
É considerado um dos principais percussores da androginia enquanto estética de arte, desenvolvida inicialmente com a Tropicália. Apresentando coreografias erotizantes e expondo sua masculinidade como um contraponto à ousadia nos tempos de chumbo, Ney acaba por influenciar toda uma geração de artistas. Também é coreógrafo, iluminador e dançarino, atuando como diretor geral de seus espetáculos musicais.
É em 1987 que Ney Matogrosso entra em uma nova fase: com o LP "Pescador de Pérolas", ele mostra uma faceta mais segura. Abandona as maquiagens, veste um terno e atrai um novo público para si. A partir daí, Ney consagrou-se como um dos melhores intérpretes da MPB e também o mais versátil. Durante a década de 90 tocou com Raphael Rabello, gravou um CD com canções de Ângela Maria, gravou um CD só com canções de Chico Buarque (o elogiadíssimo CD "Um Brasileiro), gravou Cartola, e fez uma coletânea de sambas dos anos vinte e trinta.
Em 2004 voltou aos meios de comunicação com o projeto "Vagabundo", em que canta com o grupo carioca "Pedro Luís e a Parede"
A grande marca de Ney é seu vocal agudo e suas interpretações marcantes, além do forte apelo à sensualidade em cena.
Ney mantém no estado do Rio de Janeiro uma área de preservação ambiental para micos-leões-dourados, espécie ameaçada de extinção.

Abertura do Rock in Rio - 1985


Pro Dia Nascer Feliz


América do Sul


Pois É

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Regina Duarte

Regina Blois Duarte (Franca, 5 de Fevereiro de 1947) é uma actriz brasileira da Rede Globo.






BIOGRAFIA

Regina nasceu na cidade de Franca, interior de São Paulo, e passou a infância e parte da sua vida na cidade de Campinas, no interior de São Paulo, com os pais: Dulce Blois e Jesus Duarte e os quatro irmãos: Flávio, Cláudio, Teresa e Lúcia.

Em 1964 apareceu em cartazes para uma campanha de sorvetes. Em seguida, fez anúncio para a televisão de uma marca de refrigeradores.



A carreira artística

Estreou na televisão em 1965, na Excelsior, actuando na telenovela A Deusa Vencida. Passou para a Globo em 1969, quando estrelou Véu de Noiva.

Ganhou a alcunha de Namoradinha do Brasil quando fez a telenovela Minha doce namorada, em 1971, na TV Globo. Em seguida recebeu o convite para participar da montagem brasileira da peça Hair, mas não aceitou o papel porque não ficaria nua no palco, em sendo a Namoradinha do Brasil.Em 1976 posou para a revista Playboy. Essa imagem só seria esmaecida aos poucos. Começou com a atcuação na telenovela Nina, em 1977, consolidando-se de vez o fim da imagem de Namoradinha do Brasil com o seriado Malu mulher, de 1979, e que mostrava uma mulher independente, levando diversos grupos conservadores a protestarem.

Regina Duarte participou de vários programas históricos da televisão brasileira, desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) até o final da década de 1980, onde a televisão brasileira era marcada pelo sucesso dos espectáculos transmitidos que apresentavam os novos talentos da MPB, registravam índices recordes audiência.

Um desses momentos marcantes da televisão foi Mulher 80, na(Rede Globo). O programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas na MPB, com Gal Costa, Maria Bethânia, Zezé Motta, Elis Regina, Joanna, Rita Lee, Marina Lima, Simone e as participações especiais de Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizavam o seriado Malu Mulher à época.

Em novelas, Regina Duarte é a actriz que obteve os maiores índices de audiência no Ibope ao longo da carreira. Viveu personagens antológicos na TV como a Simone Marques de Selva de Pedra (1972), a Malu do seriado Malu mulher (1980), a dupla personalidade Luana Camará/Priscila Capricce em Sétimo Sentido (1982), a politicamente correta Raquel Accioli em Vale Tudo (1988), a espalhafatosa Maria do Carmo de Rainha da Sucata (1990), além de ter sido a actriz que mais deu vida às Helenas de Manoel Carlos nas novelas História de Amor (1995), Por Amor (1997) e Páginas da Vida (2006). Mas sem dúvida seu maior sucesso foi a fogosa Viúva Porcina em Roque Santeiro (1985).

Destacou-se no teatro vivendo Segismundo no espectáculo A Vida É Sonho, de Calderón de la Barca. Viveu a mendiga Zil no especial Retrato de Mulher, com texto de Noemi Marinho, que foi o primeiro programa da televisão brasileira a ser todo rodado em película.



Política e polémica

Regina Duarte é simpatizante do PSDB e já apoiou vários candidatos tucanos em eleições presidenciais e estaduais.

Em 2002, Regina envolveu-se em polémica durante a campanha presidencial, ao apoiar, ao lado de Raul Cortez, o candidato José Serra, afirmando ter medo do que o adversário, Lula, faria na presidência caso fosse vitorioso.

Pode ser visto no YouTube sob o titulo "Regina Duarte com medo de Lula"





Família

É mãe de André e da também actriz Gabriela Duarte, com quem fez uma novela juntas, Por Amor.

Gabriela e André são frutos do casamento de Regina com Marcos Franco. Regina também é mãe de João Ricardo, fruto do relacionamento com Daniel Filho.

Tem netos. Uma, é chamada Manuela, que é filha de Gabriela, e um neto: Théo, filho de André e Bettina, que nasceu no dia 16 de Fevereiro, na Maternidade São Luis, na cidade de São Paulo. Actualmente, Regina é casada com Eduardo Lippincott.




Actuação na televisão

Novelas

* 2008 - Três Irmãs ... Waldete Maria di Nascimento Bezerra
* 2006 - Páginas da Vida .... Helena Camargo Varela
* 2003 - Kubanacan .... María Félix
* 2002 - Desejos de Mulher .... Andréa Vargas
* 2001 - Estrela-Guia.... Ela mesma
* 1997 - Por Amor .... Helena Greco Viana
* 1995 - História de Amor .... Helena Soares
* 1995 - Irmãos Coragem
* 1990 - Rainha da Sucata .... Maria do Carmo Pereira
* 1989 - Top Model .... Florinda
* 1988 - Vale Tudo .... Raquel Accioli
* 1987 - O Outro .... Clara
* 1985 - Roque Santeiro .... Viúva Porcina
* 1983 - Guerra dos Sexos .... Alma
* 1982 - Sétimo Sentido .... Luana Camará/Priscila Capricce
* 1977 - Nina .... Nina
* 1974 - Fogo sobre Terra .... Bárbara
* 1973 - Carinhoso .... Cecília
* 1972 - Selva de Pedra .... Simone Marques/Rosana Reis
* 1971 - Minha Doce Namorada .... Patrícia
* 1970 - Irmãos Coragem .... Rita de Cássia Maciel Coragem (Ritinha)
* 1969 - Véu de Noiva .... Andréa / Roberta / Maria Célia
* 1969 - Dez Vidas .... Pom Pom
* 1969 - Os Estranhos .... Melissa
* 1968 - Legião dos Esquecidos .... Regina
* 1968 - O Terceiro Pecado .... Carolina
* 1967 - Os Fantoches .... Bete
* 1966 - As Minas de Prata .... Inesita
* 1966 - Anjo Marcado .... Lilian
* 1965 - A Grande Viagem .... Isabel
* 1965 - A Deusa Vencida .... Malu

Minisséries e Seriados

* 2005 - Sob Nova Direção
* 1999 - O Belo e as Feras
* 1999 - Chiquinha Gonzaga .... Chiquinha Gonzaga
* 1994 - Incidente em Antares (minissérie) .... Shirley Terezinha
* 1993 - Retrato de Mulher (seriado)
* 1984 - Joana (seriado) .... Joana Martins (Rede Manchete/SBT)
* 1979 - Malu Mulher (seriado) .... Malu
* 1974 - Caso Especial, A Cartomante
* 1971 - Caso Especial, Nº 1


Actuação no cinema

* 2000 - Um anjo trapalhão
* 1985 - Além da paixão
* 1983 - O cangaceiro trapalhão
* 1982 - O homem do pau-brasil
* 1981 - El hombre del subsuelo
* 1978 - Daniel, capanga de Deus
* 1977 - Parada 88, o limite de alerta
* 1976 - Chão bruto
* 1969 - A compadecida
* 1968 - Lance maior


Actuação no Teatro

* 1966 - A Megera Domada
* 1967 - Black-Out
* 1969 - Romeu e Julieta
* 1971 - Dom Quixote, Mula Manca e seu fiel companheiro
* 1975 - Réveillon
* 1978 - O Santo Inquérito
* 1986 - Miss Banana (musical)
* 1992 - A Vida É Sonho
* 2001 - Honra
* 2005 - Coração Bazar



Prémios

Personalidade do Ano - Isto É Gente

* 2006 - Personalidade do ano em Televisão

Prémio Contigo

* 1997 - pelo conjunto da obra

Prémio Qualidade Profissional

* 2002 - pelo conjunto da obra

Troféu Imprensa de Actriz Revelação

* 1965 - por "Malu", de A deusa vencida

Troféu Imprensa de Melhor Actriz

* 1967 - por "Bete", de Os Fantoches
* 1970 - por "Ritinha", de Irmãos Coragem
* 1972 - por "Simone" e "Rosana", de Selva de pedra
* 1973 - recusou o prémio de Melhor Actriz pela actuação em Carinhoso e o ofereceu a Eva Wilma.
* 1979 - por "Malu", de Malu mulher
* 1985 - por "Viúva Porcina", de Roque Santeiro

Prêmio APCA/TV de Melhor actriz

* 1979 - por Malu mulher
* 1980 - por Malu mulher
* 1985 - por Roque Santeiro



Em "Carinhoso", como Cecília (1973) :


Em "Malu Mulher", como Malu (1979) :


Em "Roque Santeiro", como Viúva Porcina (1985) :


Em "Vale Tudo", como Raquel (1988) :




Em "Rainha da Sucata", como Maria do Carmo, cena interpretado com Glória Menezes (Laurinha Figueroa) (1990):


Em "História de Amor", como Helena (a primeira Helena das novelas que fez com Manoel Carlos - "Maneco") (1995) :


Em "Por Amor", como Helena (1997) :


Em "Chiquinha Gonzaga", como Chiquinha, que foi interpretada na primeira fase pela sua filha Gabriela Duarte (1999) :



Em "Páginas da Vida", vivendo a sua terceira Helena , novela do "Maneco" (2006)